“Que possamos manter os olhos fechados para as coisas que só enxergamos com os olhos abertos. E os olhos abertos para aquilo que só enxergamos com os olhos fechados”, diz o mestre Paulo Junqueira, para encerrar a aula de Superioga. Quem pensou em algo contemplativo / zen se engana. A Superioga, modalidade de ioga criada por Paulo que está se espalhando pelo país, é uma prática dinâmica e vigorosa, que trabalha o corpo todo com exercícios sincronizados com a respiração. A gente sua em bicas enquanto se exercita e acorda bem dolorida no dia seguinte. “O mais importante é o aluno estar realmente presente na aula, focado no que está fazendo”, diz o professor. “As pessoas passam muito tempo pensando no passado, que não podemos mudar, ou no futuro, no que vão fazer no minuto seguinte. Se esquecem de viver o aqui e agora. Se você concentra sua atenção na aula, nas posturas, em observar seus limites e perceber como o seu corpo responde aos exercícios, vai alcançar um resultado mais efetivo. E isso vai funcionar como uma meditação ativa porque, concentrado na prática, você não vai permitir que outros pensamentos invadam a sua cabeça durante a aula. Vai sair da sala com a energia renovada, tudo vai funcionar melhor”, completa.
Tendência
O exemplo sinaliza uma tendência: menos foco no número de flexões e nas calorias incineradas e mais na experiência de bem-estar que a atividade física proporciona. Entenda-se por bem-estar se livrar do stress, conectar o corpo e a mente, melhorar o astral e até dar boas risadas. Enfim, sair melhor do que entrou. Este é o ponto comum entre as modalidades que estão lotando as salas dos estúdios e academias e fazendo sucesso até nas redes sociais.
Nas aulas de bike indoor do Studio Velocity, frases motivacionais – “pequenas ações realizadas são mais importantes que grandes ações planejadas”, por exemplo – aparecem num painel. A iluminação é fraca, para estimular cada um a olhar para dentro de si, não para o outro. E a proposta vai além de pedalar para praticar uma atividade cardiorrespiratória e queimar gordura. “Usamos a bike para movimentar o corpo todo. A ideia é sentir a música, estar presente de corpo e alma na aula. A sensação boa é o combustível para ir mais longe… Você vai ajustar a carga porque está gostoso. Não é só bom depois: é para ser bom durante”, explica a professora Ana Paula Simões.
No Ballet Fitness, método criado pela ex-bailarina Betina Dantas, as posturas do balé evoluem para um workout intenso com trilha sonora dançante: uma proposta democrática para as mulheres que sempre quiseram ser bailarinas ou já foram e estão com saudades das sapatilhas. A aula é puxada, as pernas queimam, mas o que fideliza mesmo a mulherada é o bom humor e a leveza que Betina imprimiu ao método. “Bumbum no coque!”, “O verão vem aí”, “Bora queimar essas pernocas, não para, não!”, são alguns dos bordões que fazem o tempo passar sem a gente perceber e todo mundo termina a aula feliz da vida.
O alto astral também é ponto fundamental nos treinos de Cau Saad, aliado à conexão corpo e mente. Ela criou três modalidades que fazem sucesso: o Circuito Cau Saad de treinamento funcional, o WorCAUt (treino funcional usando o peso do próprio corpo) e o NoCAUt (treino funcional com movimentos de luta). Na semana que vem lança o Baile da Cau, um tipo de malhação em ritmo de dança. “A maneira como você conduz o treino faz a diferença. Procuro fazer com que o aluno se sinta confiante e confortável. Em vez de dizer que ele vai pisar em duas bolhas de borracha instáveis e pode cair, explico que ele vai apoiar cada pé no centro do acessório e, assim, vai se equilibrar”, conta Cau. O clima é de festa, com muita música e frases divertidas, na linha: “Agachou, o bumbum levantou!” e “Não projeta o corpo à frente no ‘afundo’. Mantenha a postura. Por isso se chama ‘afundo’. Senão, chamaria ‘se joga’.”
As brincadeiras fazem o treino pesado parecer mais leve, quebram a seriedade que domina nosso dia a dia. “Com diversão as pessoas se soltam mais, conseguem ser elas mesmas, sem se comparar com os colegas. Aí elas se entregam para a aula e tudo funciona”, diz Cau. O final é o momento mais esperado. “Inspire. Ao inspirar, deixe apenas as coisas e os sentimentos bons entrarem. Ao expirar, deixe ir embora tudo o que não serve mais. Inspire coragem, expire o medo. Inspire entusiasmo, expire desânimo. Inspire autoconfiança, expire ansiedade.”
Namastê!